FINAL DO DIA...
nas palavras de:
Manuel A. Belo da Silva
A expressão do Divino revelada em Monsaraz !José Calixto
O NOSSO MUNDO!...
Jesuino Vieira
O SOL DO MEU ALENTEJO
O pôr-do sol é tão lindo.
No meu querido Alentejo
Parece que está sorrindo.
Provoca um certo desejo.
É como se fosse um véu
Mesmo no alto do monte
Quando vejo o azul do céu
A perder-se no horizonte.
O sol produz luz e calor
Faz transbordar energia
E com grande esplendor
Dá força paz e alegria.
No meio dalgumas abertas
E deslizando em caracol
Há partículas encobertas
Que são mostradas pelo sol.
José Luís Outono
Olhar o momento
Perpetuar um sentir
E deixar correr
O calendário...feliz!
Baila Sem Peso
Alentejo
Entre o fogo e as trevas
Tão longe, tu em luz me levas...
Baixando o sol no horizonte
Escondes-te por trás do monte
Alentejo vibrante de paixão
Com teu calor em comunhão
Girando na veia do poeta
Com alma completa
Em forma de pintura
Ou de quente partitura...
Entre o fogo e as trevas
Tão longe, tu em luz me levas!
Maria Antonieta Matos
Esconde-se o sol, desce ao leito
Mais um dia a terminar
Sorrindo, por tudo ter feito
Pinta de cores o céu e o nublar
Encantando por um momento
Quem da terra o contemplar
---//---
Ao escurecer, no horizonte
Que deslumbrante aguarela
No céu do meu Alentejo
O sol pede um desejo
Para ter a noite mais bela
Pisca o olho sorridente
Para nos dar de presente
Em cada dia uma tela
Pouco a pouco adormece
O manto matiz do céu, aquece
Sonha com a lua, fantasia com ela.
Manuel Manços Assunção Pedro
E quando o sol, cansado, entristecia,
disfarçando se alguém aparecia,
eu guardava os meus segredos mais profundos.
Mas ninguém sabe, nem conta… ninguém via….
que aquele sol cansado e belo, que partia
me levava com ele p’ra outros mundos!
Paula Cristina Costa
Há um sol quase a abandonar-se
pelo declive da paisagem abaixo
de uma vila alentejana talvez além dos montes
quase a adormecer antes do arrefecer das
pedras
antes que o escuro da noite vindime as suas
uvas de dor
Há um sol quase a derreter-se
com todas as cores da incerteza de uma nova
manhã
como um cigarro quase a apagar-se na cinza do
poente
como trigo quase ruivo a ceifar-se na dobra
do dia
na dor de ser quase a noite mais gélida do
mundo
Há um sol quase a entornar-se
a ver crescer a sombra sob os telhados
quentes
a cal fria das casas, o xisto de novas horas
esperadas
como um amor quase a esvanecer-se no joio da
vida
à mão de respigar de desejos retidos e
partidos
na dor de estar ainda vivo rente ao chão
Há um sol quase a perder-se
como um Homem quase a morrer no corpo da vida
sangue quase frio a entornar-se pelas
fissuras do tempo
vinho derramado na dor de querer ser sem fim
Há um sol quase a morrer
como se Deus fechasse implacável as eclusas
como se o Homem renunciasse ao grito de ser
corvo rebelde
ao vôo livre para se evadir de todas as
tiranias do mundo
Mas há um sol quase a nascer
uma possibilidade de acender um novo cigarro
continuar, amigo, aquela conversa
interrompida
deter uma guerra, salvar um Homem, combater o
medo
ganhar tempo para poder olhar de novo a luz
que se acende
como se ninguém tivesse morrido no sol a
morte por nós.
Foto: António Caeiro
Local: Monsaraz
Maria Pereira Gonçalves
SENSAÇÕES
Do calor dos lençóis macios e alvos
Escapam-se os sonhos e o sono
Para sucederem as sensações nocturnas e múltiplas...
Lá fora, bramem as ondas quebradas
Redobrando os inteiros pensamentos
Que não bramem e se acomodam mudos cá dentro...
E nessa antítese perfeita dos sentidos
São quebradas todas as regras convencionais
Na métrica e na forma de sentir
Com sensações dissímeis, mas reais…
Foto: António Caeiro
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