12 de Julho de
2005, foi a data do primeiro post no blog “Monsaraz”, criado por António Caeiro, para divulgar e homenagear
a sua terra de adopção - A Vila de Monsaraz, ou como diria José Cutileiro, em
“Ricos e Pobres no Alentejo” a “Vila Velha”.
Desde então, António Caeiro, foi aumentando este espaço,
enriqueceu-o com as suas próprias fotografias, e depois com as de outros
fotógrafos, como foi o caso de David Ramalho e de João Fructuosa; esse enriquecimento
foi sendo sempre melhorado com a criação de várias “rubricas”, das quais se
destacam: “Outras artes”, “Outros Tempos”, “Monsaraz por outros Olhos”, “Aldrabas
e Batentes de Monsaraz”, “Crónicas do Alto da Vila”; foram publicados contos de
autores alentejanos, amantes, também eles, da “Vila Velha” – MONSARAZ –
A magia de Monsaraz, captada “pela sua lente”, viria a dar origem à
primeira incursão de António Caeiro, ao mundo da impressão, em
formato de Livro, sendo editado com o selo da Mindaffair/almalusa.org, “O
Silêncio das Pedras”, que inclui ao longo de cem páginas (com dimensão de
25X25cm), um conjunto de imagens captadas pelo autor, que foram separadas por
dois temas: “Olhar Monsaraz” e “Outros Olhares”.
A escolha do tema “Olhar Monsaraz”, não foi ao acaso, porque contempla uma
singela homenagem à bela Vila Medieval.
“O Silêncio das Pedras”, conta com um texto de introdução, elaborado pelo
poeta, escritor e dramaturgo, Paulo José Miranda que refere, a dado passo: “De
um ponto de vista fotográfico, de um ponto de vista de luz e seus registos,
estas fotografias confrontam o azul com o resto.”
Com a colaboração dos fotógrafos
amadores, já citados, e dos Poetas, Anabela Soares, Cecília Vilas Boas, Inês Valadas, Isabel Vieira, José Luís Outono, Jesuino Vieira, Manuel
A. Belo Silva, Manuel Manços Assunção Pedro, Manuel Sérgio, Maria Antonieta
Matos, Maria José Lascas Fernandes, Maria Pereira Gonçalves, Paula Cristina
Costa e Rosa Guerreiro Dias, surgem mais dois livros, homenageando a Vila Velha: “POETIZAR
MONSARAZ”. (Vol ‘s I e II).
Foi realizada a exposição de fotografia, “Monsaraz -
entre o céu e a terra”,
apresentada e inaugurada, em Lisboa, na Casa do Alentejo e na Igreja de
Santiago, em Monsaraz.
Três olhares… a mesma Vila!
Trata-se de um conjunto de imagens sobre Monsaraz, captadas pela lente de
António Caeiro (Aldeia de Paio Pires), David Ramalho (Reguengos de Monsaraz) e
João Fructuosa (Campinho).
António Caeiro, quer através da sua lente, quer como coordenador de
trabalhos e livros de fotografia e de fotografia e poesia, pretende mostrar a
Vila de Monsaraz e fá-lo soberbamente.
Leva-nos a manifestar interesse e a querer conhecer o verdadeiro
Alentejo. Quando nos deslocamos a
Monsaraz, percorremos as suas estradas, quase desertas, sentimos as suas
planícies e montes onde, de vez em quando, podemos observar uma casa “salpicada”,
na paisagem.
Ao chegarmos a Monsaraz, encontramos uma vila, muralhada, com poucas
centenas de habitantes, de casas caiadas de branco e chão empedrado (do xisto
de Monsaraz), pendurada num monte, de onde avistamos o maior lago artificial da
Europa – O Alqueva – e terras de Espanha,
de onde tantas vezes nos chegava o inimigo, que logo nos obrigava a defender e
a atacá-lo do alto do castelo da referida Vila.
António Caeiro, e seus convidados, através das suas lentes, ou palavras
captam tudo aquilo que nos diz Francisco Martins Ramos, in TERRAS DO MEU
ENCANTO - MONSARAZ:
“Chegados
ao cimo da colina, montanha soberba à escala minúscula dos homens e que domina
o mundo raso envolvente, quedamo-nos, silenciosos e reduzidos, frente à Porta da
Vila, que iremos ultrapassar, curiosos e inseguros: entrar na vila é dar o
primeiro passo na aventura da descoberta. Entramos; se é inverno, inebria-nos o
cheiro alucinogénio do aroma das estevas a arder em lareiras escondidas; se é
verão, acaricia-nos o bafo morno da brisa reflectida pelo xisto causticado de
séculos e pela cal teimosamente indelével.”
“Fazemos o périplo da vila, encostados às muralhas,
invadimos os quintais minúsculos, santuários da agricultura de jardim,
imaginamos as delícias gastronómicas que o odor que se espalha pelas portas e
chaminés nos provoca, inventamos miradouros na esquina de cada rua, imaginamos
o rio, ribeira em tempo de verão, a correr mansa e exaurida, para lá do outeiro
de São Gens. Espreguiçamos o olhar para as bandas da Extremadura espanhola,
descobrimos no horizonte o “país dos sacaios”, voltamos à torre grande que
vigia o cemitério, sítio bom para se repousar, onde a morte parece mais
organizada que a vida.
Queremos voltar ao centro do mundo e deixamo-nos perder e
embalar no labirinto de ruas e ruelas e nas teorias do imaginário urbano.”
(FRANCISCO MARTINS RAMOS, 2006, in “BREVIÁRIO ALENTEJANO”, págs. 52 e 53.)
Obrigada António Caeiro pelo Blog e Facebook que criou e faz crescer, mostrando e divulgando a Mágica Vila de
Monsaraz e que os mesmos se mantenham por mais 11 anos.
Texto:
Ana
Maria Saraiva
12.JUL.2016
Fotografia:
António Caeiro
12.JUL.2005 (a primeira fotografia do Blog)
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