POETIZAR MONSARAZ - Vol. I



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O projeto POETIZAR MONSARAZ é o resultado de um desafio lançado na rede social Facebook, mais concretamente pelo Grupo Monsaraz (facebook.com/groups/monsaraz). 


Esse repto acabou por ter uma resposta satisfatória por parte dos utilizadores desse espaço, sendo posteriormente transportado para o site Myebook, em formato de livro virtual. 
Após alguns pedidos, surgiu a oportunidade de materializar o projeto em formato papel. 

Assim, a todos, e principalmente aos que colaboraram neste desafio, que com o fruto do seu trabalho tornaram possível este livro, os meus sinceros agradecimentos.


Autores
. Anabela Soares
. Cecília Vilas Boas
. Isabel Vieira
. Jesuíno Vieira
. José Luís Outono
. Manuel António Belo da Silva
. Manuel Manços Assunção Pedro
. Manuel Luís Patinha Gonçalves
. Maria Antonieta Matos
. Maria Pereira Gonçalves
. Paula Cristina Costa
. Rosa Guerreiro Dias

Prefácio
. Cecília Vilas Boas

Coordenação e Fotografias
. António Caeiro



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Livro: POETIZAR MONSARAZ
Mindaffair, Janeiro 2013

Autores
. Anabela Soares
. Cecília Vilas Boas
. Isabel Vieira
. Jesuíno Vieira
. José Luís Outono
. Manuel António Belo da Silva
. Manuel Manços Assunção Pedro
. Manuel Luís Patinha Gonçalves
. Maria Antonieta Matos
. Maria Pereira Gonçalves
. Paula Cristina Costa
. Rosa Guerreiro Dias

Prefácio
. Cecília Vilas Boas

Coordenação e Fotografias
. António Caeiro

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26.Janeiro.2013 
Lançamento do livro POETIZAR MONSARAZ - Vol. I 
Monsaraz, Igreja de Santiago. 
Autor das fotos: João Fructuosa
































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PREFÁCIO DE CECÍLIA VILAS BOAS


RECORDAÇÕES


Dias e noites da minha aldeia,

Noite de lua, dias de sol;

Mares de trigo que o vento ondeia,

Ingénuo rio que o mar engole.

Velhas charnecas de azinho e esteva,

Tribuladas de rosmaninho,

Onde altas horas ninguém se atreva,

Que as bruxas andam pelo caminho.

Montes e vales, rochas fragueiras,

Hortas, vinhedos, noras cantantes,

Medas de palha junto das eiras,

Onde em pequeno brincava dantes.

Maltês sem rumo, quero trabalho;

Eis-me no alpendre: «Bom lavrador,

Chove água a potes, dá-me agasalho,

Quem bem semeia colhe melhor».



Do livro “Lira de Outono”

De António de Macedo de Papança, 1º Conde de Monsaraz



Monsaraz, cheiro a madressilva, paredes silenciosas, sinais do tempo, recantos escondidos em cada caminho, em cada viela. Livros, escudos de palavras e memórias das gentes desta vila imaculada. Palavras, céus e calmarias que rasgam horizontes e adormecem na eternidade da voz dos céus. Terra de encantos e segredos. Nobreza incontestável que veste em seu porte e oferta a quem passa, das ameias da fortaleza, a contemplação das embarcações dum tempo, no horizonte que arde em história.



Monsaraz, foi Grande na conquistada aos mouros. E soam os cavaleiros dos Templários... na força que a paisagem escreve, imaginamos e quase vivenciamos, nas muralhas do castelo, os sentinelas do rio Guadiana na vigia fronteiriça com Castela. Vemo-los, podemos até ouvir o seu respirar. E a envolvente, veste-se de menires e cromeleques transportando-nos aos tempos pré-históricos. E tudo se mantém, e tudo se respeita no silêncio que a história dita.



E imaginamos cristãos e muçulmanos em lutas renhidas, marcos duma vida, dor, sofrimento, tanto em tão pouco tempo… mas Deus falou mais alto e cumpriu-se a Paz. Guarda em seu coração um tesouro medieval seu, tão seu… E as pedras não dormem… a sua força entoa o povoado em silêncio que brada a Deus. Monsaraz, é tempo, vida, é a alma e a nobreza dum povo. O silêncio cinzela nesta paisagem alentejana a nostalgia das memórias.



É azul, azul tão intenso o céu de Monsaraz e respira na brancura das paredes a candura dos dias felizes. O odor a giestas é transportado na brisa morna das tardes de verão e perfuma-nos a alma e embriaga-nos os sentidos. Nas asas dos nossos olhos somos transportados ao alto das torres esguias. Permanecemos em silêncio e permitimo-nos uma viagem a perder de vista. Encontramos escadas, recantos, janelas, portadas, portais, chaminés, ruas e ruelas. Bebemos a cultura das gentes, os risos e os prantos, a vida e a morte.



E arde o horizonte… são línguas de fogo incandescente, são céus que escrevem dias quentes e pedras luz e crepúsculos e desejos e anseios… e tudo em silêncio permanece tão imaculadamente belo…



Monsaraz, inspiração, poesia, canção, encantamento, histórias de amor e paixão.

Monsaraz, fotografia.



De pele branca e imaculada, veste as pedras na sua solitude. Guarda a força da alma da humildade e bravura, num lugar onde as pedras e as gentes são testemunha.

Guardam-se silêncios e lágrimas no coração onde jazem entes queridos.



Monsaraz, lugar de culto, paixão e história. E a brisa corre, quente, pintando de ocre as encostas do povoado, desta gente tão nossa, tão Grande, tão nobre.


                                                                           *


Estamos perante uma Obra luz, composta por duas grandes vertentes: a poesia e a fotografia em perfeita simbiose. Podemos ler um leque de autores, verdadeiros artífices das palavras, que escrevem, em poesia e/ou prosa poética, das emoções e sentimentos que o seu espírito lhes apraz dizer sobre a Vila de Monsaraz. Em cada palavra, em cada poema, transmitem afetos e sentires que fazem chegar ao leitor de forma envolvente e genuína.


Para além disso, esta obra destaca-se pelo excelente Olhar do fotógrafo António Caeiro. Um olhar poético que lhe permite captar, em imagens, grande parte do corpo e da alma de Monsaraz. Cores, pormenores, texturas, figuras, símbolos, pessoas, e porque não, aromas, fazem despoletar a quem folhear este livro, um conjunto de emoções que se transmitem à flor da pele. Consegue transportar-nos para um tempo, seja ele qual for, sempre definido por momentos marcantes, mesmo que simples. António Caeiro, autor do livro de fotografia intitulado “O Silêncio das Pedras”, transmite, de forma notável, a admiração por Monsaraz, não só na coordenação deste projecto como também no incentivo e estímulo que é visível na divulgação dos usos e costumes relacionados com o Alentejo no geral e Monsaraz, em particular. Estamos, portanto, perante um impulsionador cultural e isso é louvável!

É, em meu entender, uma Obra que ajuda a dignificar e a testemunhar a nobreza desta emblemática Vila Portuguesa. As palavras que compõem este livro em conjunto com as fotografias, fazem jus a este lugar de inefável beleza.

Lugar que se imortalizou no tempo, num tempo de ser Grande.


É com grande orgulho, prazer e convicção, que vos convido a viajar connosco neste livro que tem cheiro, toca-se e promete transportar-nos num tempo, sem tempo.


Cecília Vilas Boas


2011 - Chiado Editora, “Âmbar e Mel - Janelas de Poesia”

2012 - Editora Esfera do Caos, “O Eco do Silêncio” 2012 - Chiado Editora, Co-Autora, Antologia Poética Contemporânea “Entre o Sono e o Sonho”, Vol. III 2012 - Editora Esfera do Caos, Co-Autora, Colectânea de Contos “Contos do Nosso Tempo” 2012 - Edições Vieira da Silva, Co-Autora, Colectânea de Contos Infanto-Juvenil – “Contos de A a ZZZZZZZ…. “ 2012 - Lugar da Palavra Editora, Co-Autora, Colectânea de Poemas e Contos "Lugares e Palavras de Natal"

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